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O dilema da prática do design, entre a subjectividade e a objectividade

Ao longo da história do desenvolvimento do design, a medida que este foi se aproximando da científica, viu-se inevitável discutir questões ligadas a princípios de subjectividade e objectividade de criação.

Personalidades como Bayer, e instituições como a Bauhaus e a Escola de Ulm deram passo largos em direção à concepção de um Design regido por princípios considerados científicos, pois eram movidos pela ideologia a partir da qual a ciência deve tornar-se companheira do design e dar suporte com metodologias precisas para um tratamento mais objetivo geral dos problemas visuais.

Foi declarado por estas personalidades e entidades que o designer devia projectar com imparcialidade, recorrendo a racionalidade, métodos rígidos, teorias fundamentais da percepção visual, e evitar ao máximo usar preconceitos e valores pessoais no acto de criação. Contudo, ao se tratar de uma actividade criativa, refém da criatividade – elemento profundamente relacionado ao repertório do sujeito “criador”, será possível criar de forma imparcial? sem envolver preconceitos (presentes no repertório), e sem a influência dos valores pessoais?  


Antes de prosseguir, algumas notas: entendemos por subjectividade toda a interpretação individual do ambiente externo, e por objectividade como dados factuais possíveis de mensurar.


Fonte: Autor


É a partir da apreciação e/ou depreciação dos fenómenos externos que tomamos posicionamentos internos (subjectivos) a respeito de algo, influenciados pela “inclinação ou aversão”, formando limites que tendem a dificultar a objectividade.

Quando se considera a subjectividade como principal elemento no processo de interpretação por parte do usuário, considera-se também a impossibilidade de obter dados concretos (factuais) do seu repertório e de como o mesmo interpretará a solução visual. Cabendo ao designer estabelecer suposições a partir de dados que possivelmente o aproximem da noção do repertório que o público-alvo possui, e partir desta informação projectar soluções que este suposto repertório possa permitir interpretar através dos códigos comuns empregados pelo designer e a experiência dos dados contidos na mente do público. 

Facto é que autores como Ellen Lupton, Abbot Miller (1999) defenderam “uma teoria do design orientada em direcção à interpretação cultural ao invés de uma percepção universal”, pois para estes autores o designer não poderia subvalorizar a percepção em detrimento da interpretação linguística e demostrar indiferença a significação cultural no acto projectivo.    

Para compreender a origem desta subvalorização da percepção visual em forma de linguagem universal, embarquemos numa viagem ao passado com Rafael Cardoso (2004) citado por Bruno Barros (2008):

Como parte dos seus esforços históricos de distanciar-se da tradicional arts and crafts, os designers frequentemente perderam o foco desse aspecto mágico do que eles fazem, optando por ver o design como um tipo de engenharia guiada não por algo impreciso como criatividade e sagacidade, mas sim por rigorosas metodologias e protocolos de uma tendência científica e tecnológica.

Chegados a este ponto podemos concluir que tanto a subjectividade assim como a objectividade são necessárias a prática do design, conforme demonstra Bruno Barros (2008) ao citar Sousa Leite (1997):

Além de ser uma actividade que exige o exercício de uma visão inter ou transdisciplinar, em sua dinâmica interior o design se caracteriza por um constante jogo entre objectividade e subjectividade, entre razão e intuição, entre o atendimento a questões dispostas pela exterioridade e uma necessidade de expressão.

Ao ser necessário manter a coexistência entre a subjectividade e a objectividade, quais estratégias pode adoptar o designer para equilibrar tais factores?

Deixe ficar a sua interpretação nos comentários.
 


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