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Benson Bllakson - "A maior parte dos alunos da ENAV tinham o sonho de chegar a Agência Golo".

 


Benson Pachas Viegas Mahumane é Director Criativo Senior na agência GOLO, Graduado na ENAV – Escola Nacional de Artes Visuais, tendo iniciado a sua carreira profissional em 2004 e durante os anos desenvolveu várias campanhas para grandes marcas como PepsiCo, Vodacom, BCI, Compal, Mcel (actual Tmcel), assim como o rebrand dos Preservativos Jeito.


Ao longo do seu percurso de vida, em que momento e como surgiu o interesse pelo design?

Desde muito cedo, posso considerar inato o interesse e a prática do desenho. O interesse pelo design foi mais tarde, quando descobri a Escola Nacional de Artes Visuais. Foi lá que conheci o mundo do Design. Considero-me primeiro artista e depois designer. 

 

Como chegou a agência Golo?

Depois de ter começado a trabalhar na agência em 2004, trabalhei como freelancer por alguns anos e criei um estúdio de Design, mas senti a necessidade de conhecer mais o mundo da publicidade e marketing ao mais alto nível. 

No ano de 2011 procurei, pessoalmente, encontrar o meu lugar nas maiores agências e não tive êxito. 

A maior parte dos alunos da ENAV tinham o sonho de chegar a Agência Golo. 

Nessa altura, percebi o potencial da rede social on-line, usei o Facebook para divulgar os meus trabalhos e de forma atrevida (criativa) chamar atenção da Agência que acabava de criar a sua página oficial. 

Logo fui contactado e contratado imediatamente. Era um sonho realizado. E já vão 12 anos a marcar golos.


Qual é o nível de autonomia de um designer para propor e desenvolver soluções em uma agência de publicidade?

Depende da agência ou da direção criativa.

Há empresas que não tem os vários departamentos de design. São simples e o designer deve ser multidisciplinar.

Numa agência os designers podem ter várias competências e níveis de experiência. 

Por exemplo, existe o designer (simples), o Criativo, para Arte Final, para o Digital e Direção de Arte. 

Destes, os que têm mais autonomia são os Designers Criativos e Directores de Arte. Pois é a responsabilidade deles de trazer novas ideias, dirigir a linha criativa e visual de cada projecto. Lembrando sempre que é um trabalho conjunto e de várias competências e sob a supervisão ou orientação do Director Criativo.


Tendo em conta o grande número de projectos que já teve a oportunidade de desenvolver, qual projecto foi o mais desafiador ao longo da carreira? Pode nos falar um pouco sobre o por quê?

Tive vários e felizmente, continuo a ter mais projectos desafiadores. 

Não consigo taxativamente afirmar um trabalho mais desafiador. 

Mas alguns dos trabalhos que me marcaram como profissional foram: A criação da identidade visual para o artista musical Duas Caras - projecto KaraBoss e o projecto Na Linha da Frente - GPro. Tive muito apoio e confiança, criei desde logotipos, capas de CD, merchandise, material de promoção, criação de vídeo e desenhar o storyboard e fiz assistência em produção dos vídeos, show muito mais. Foi uma aventura criativa e de muita aprendizagem. 



Depois tive um grande desafio ganhando um concurso para criar várias marcas e desenhar embalagens de produtos alimentares, criando também materiais de promoção, spot tv e rádio. E com muito orgulho ainda vejo nas prateleiras das lojas. 

O trabalho para uma das maiores marcas de refrigerante do mundo, a Pepsi também foi um sonho realizado. Pois houve um alinhamento com a direção visual internacional. Neste caso trouxe com a Direção de arte o elemento principal que é o líquido de uma forma criativa, teve um impacto positivo na percepção do público-alvo e nas vendas.

Outro ponto alto foi ter participado na criação de materiais de comunicação para as eleições presidências de um partido político. Foi uma grande experiência e responsabilidade. Para este contexto, olhamos a comunicação com outra sensibilidade. Aprender com especialistas da aérea e ver o poder da comunicação visual e o seu impacto social a nível nacional é gratificante.


Um grande orgulho e sonho realizado é ver os meus trabalhos em outdoors e nos prédios, ver as pessoas a escolherem os produtos porque o design os conquistou primeiro e contribuir para o sucesso dos clientes. 

Estes são alguns trabalhos entre vários.

 

Ainda tem desenvolvido trabalhos individualmente, Como freelancer. Se sim, qual tem sido o processo de trabalho?

Não, desde 2011 sou contratado pela Golo. 

 

Quais as tuas maiores referências?

Aprecio muito os trabalhos de vários criativos brasileiros, desde a direção criativa como o Washington Olivetto  e o Nizan Guanaes, entre vários directores de arte como Adhemas Baptista, Marcelo Schulz e muitos mais. 

 

Hoje, sendo considerado designer com nível de maturidade sénior, Quais diferenças estabelece entre um designer júnior, pleno e sénior?

É simples, os próprios nomes dos níveis indicam o tempo de trabalho e acredito que serve para qualquer área de trabalho. 

No entanto, percebo que há quem confunda o tempo de trabalho com nível de trabalho. Por exemplo, um designer médio pode muito bem reunir várias competências e empenho profissional que em algum momento pode estar ao mesmo nível de um designer sénior. 

Também há seniores que em tanto tempo não melhoram as suas competências e ficam estagnados. 

De forma simple, a diferença seria o empenho e auto-capacitação. O design é uma área em constantes mudanças.

 

Como descreve o panorama do design em Moçambique no presente?

Estamos a crescer, há muitos talentos multidisciplinar, há muita vontade de fazer mais. Hoje existem estúdios criativos. As empresas já olham para o design como parte fundamental para a sua marca, como na indústria alimentar, musical, cultural e mais.

No entanto, pelo surgimento de mais designers e a necessidade de ter os seus serviços, nota-se também, uma marginalização da nossa Classe. Há muitos pessoas e empresas que não respeitam, desvalorizam e alguns casos enganam os Designers mais desatentos. 

E a falta de lei que proteja os direitos do designer contribui para que ocorram situações negativas para a situação do Designer em Moçambique. 

Reconheço o grande esforço que o Ministério da Cultura tem aplicado na dinamização da Indústria Criativa em Moçambique. 

Neste princípio, é dever dos Designers em Moçambique unirem-se e começar-se a dialogar em torno dos melhores interesses da Classe e discutir soluções para o reconhecimento, desenvolvimento e o bem estar na nossa indústria. 

 

Quais acções individuais e/ou colectivas podem ser tomadas para alavancar o ecossistema do design em Moçambique?

Deve-se criar linhas de diálogo entre os designes , criar-se workshops para troca de experiência, palestras nas mais variadas áreas de atuação do designer freelancer ou contratado.


Se tivesse que nomear dez (10) designers nacionais para representar Moçambique intencionalmente, quais seriam?

Prefiro não responder para não ser injusto deixando outros de fora :)

Temos muitos bons designers criativos. 

 

Se tivesses no início da carreira hoje, quais passos tomaria?

Os mesmos passos, procurar entrar numa agência e aprender a trabalhar profissionalmente, ter experiência como freelancer para procurar conhecer-se melhor e ganhar independência, criar um studio de design e nunca parar de capacitar-me. 


Quais elementos considera essenciais para “criar um bom design”

 • Um bom design deve primeiro resolver o problema a que se propõe, trazendo soluções de forma criativa. 

Um bom design deve estar munido das regras de comunicação visual. 

Um bom design deve ter como riqueza o seu contexto como por exemplo, elementos culturais.

Um bom design deve ter a capacidade de chamar a atenção do público alvo e destacando-se do resto.


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