
Na semana passada, sexta-feira, visitamos a mostra de Barrikadas II do Designer e Artista Ju Santos no Café NØRA para contemplar, apreciar e tomar café.
Chegados ao local, após a contemplação e questionamento que surgiram desencadeados pelas técnicas empregadas nas obras, subitamente vê-se um homem se aproximar ao café com passos firmes e trajado de túnica a moda africana, mais próximo percebemos que se tratava de Ju Santos, ou Proofless comumente conhecido. Autor das obras.
Quem o acompanha nas redes sociais, certamente já viu o seu talento no que diz respeito a artes visuais e produção musical. Foi esse o fio condutor da conversa que se iniciou após os habituais comprimentos que as pessoas costumam dar umas às outras em um encontro inesperado.
Em resposta a uma provocação sobre o facto de se considerar como arte africana todo o traçado irregular, Ju Santos disse que este é um assunto delicado e necessário, destacando que existe várias formas de desenvolver uma arte que facilmente possa ser associado a “arte africana” através de representações de elementos que por convenção sugerem a elementos, ou características inerentes a áfrica.
E essa reflexão nos levou, inclusive as escolas antigas africanas onde as formas geométricas eram estudadas ao associar a técnica usada para um dos quadros que se apresenta como reflexo de vidro quebrado com uma figura representada de forma abstracta e com um fundo rosa (cor pouco explorado nas pinturas “africanas”)
Seguido de uma pausa, Ju pediu algo à pessoa que gentilmente nos servia o café, numa expressão que revelou uma intimidade com a casa ao dizer: “O de casa”. Pouco me foquei nisso, pois antes de interromper já navegava nas suas obras que foram ganhando mais significado e admiração de quem se encontrava à volta. E por esse motivo questionei se tudo bem para os artistas explicarem as suas obras?
Depois de um gole, e um olhar de quem novamente queria degustar num cenário impossível pois as palavras já balançavam na sua língua ao responder, claro! Claro que os artistas têm essa liberdade de explicar as suas obras.
Após uma justificação plausível sobre os motivos pelos quais um artista tem a liberdade de explicar o conceito de uma obra, falamos dos vários vocabulários das artes gráficas como cor, linha e ponto como sendo apenas elementos que ajudam aos espectadores a compreender determinadas ideias, bem como reflectir sobre os paradigmas por si já conhecidos no diz respeito a arte.
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