Pensar o design numa perspectiva Africana, requer, em algum momento, o abandono da perspectiva do ocidente para que, de facto, se possa ter uma base forte sobre um olhar sincero do design aos olhos dos Africanos. Isto porque o design em si, é uma ferramenta que visa resolver os problemas específicos de uma determinada sociedade.
Diversos factores nos impelem as origens, em outras palavras ‘Sankofa’, palavra derivado do andrika, que significa voltar para o passado para melhor se informar e consequentemente melhor perspectivar o futuro; a cerca disso, no ano passado partilhei um artigo sobredo Sankofa: O desafio do Design Gráfico em Moçambique na revista DEZAINE.
Este estudo não pretende, em nenhum momento, colocar uma perspectiva acima em detrimento da outra, isso porque o conceito que aqui se trata – o design, não tem as suas origens em África, embora essa actividade fosse cá praticada desde o momento em que o homem começa a desenvolver formas de comunicação. Temos exemplos de alguns povos ou comunidades africanas como a da vila de Bambara em Mali, que praticam actividades que conhecemos como arte, embora o conceito arte em si, para alguns praticantes é desprovido de significado, ou seja, não tem uma associação com actividades por eles praticada. E para eles a arte tal qual conhecemos possui significados alienados aos seus valores culturais.
Uma linguagem é formada por determinados códigos que nos permitem transmitir e compreender as ideias e, é mais que justo fazermos o uso dos termos e conceitos que sejam comuns a um público mais amplo para que o processo de transmissão das ideias seja facilmente compreendido. É de frisar que não pretendo esgotar este assunto, porém, abrir uma discussão que leve, de facto, a acção no modo de perceber essa profissão dentro do contexto africano.
Um dos motivos que torna esse tipo de tema importante é que o design é uma actividade que resulta exclusivamente da capacidade intelectual de quem projecta, o designer. A capacidade intelectual faz o uso dos dados contidos no repertório (informações prévias obtidas por pelos órgãos de sentidos) do designer; a história do Design e arte estão intimamente relacionadas, e em poucos manuais a África ou os objectos provenientes da África são citados como influência nesses campos, embora vários artistas que influenciaram o movimento moderno afirmem que os objectos como esculturas africanas foram os motivos que originaram novas formas de perceber arte, disse uma vez Pablo Picasso. Podemos, inclusive, ver na imagem 1, a esquerda a obra inspirada na imagem a direita de autor desconhecido.
A arte moderna não é individualística nem esotérica, e menos ainda uma expressão de geração espontânea. Ela se revela mais francamente como uma arte de descobertas. [...] Em suas pesquisas plásticas, ela descobriu a arte negra.
Com esse discurso, nota-se claramente etnocentrismo, e quem garante que as gerações subsequentes não sofreram inocentemente dessa visão do mundo quando o assunto é africa? Portanto, a missão dos africanos é a de recuar no tempo, não com a ideia de fazer vingança ou buscar por argumentos que coloquem a outra parte como vilões – o que seria equivalente a assumir atitude que hoje se mostra repugnante, mas sim voltar para o passado para redefinir os (pre)conceitos, e adquirirem a habilidade e destreza para contar a sua própria história e poder influenciar a cultura através da expressão prática.
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