
Uma folha de chá devidamente embalada para ser usada tem efeito diferente dependendo do estado da água em que será usada. Agora, é normal que nos perguntemos o seguinte: qual é a relação desse exemplo com o assunto proposto? Tem tudo a ver.
O campo de comunicação visual, verbal, de sinal e até de escrita possuem naturezas que as são próprias. Entretanto, seguindo por um campo mais específico como o da comunicação visual existe uma natureza que só se aplica a este segmento. Com isto não significa que a maneira de lidar com problemas de comunicação visual se aplicará de igual forma a todo o momento que nos vão surgir problemas que precisem de uma solução para responder a uma determinada necessidade.
Antes de mais, o profissional é sempre confrontado com uma necessidade que lhe é fornecida os detalhes necessários para obter uma solução, contudo, a análise dos dados fornecidos vem antes de qualquer acção de execução com o risco de propor soluções que não se alinhem às reais necessidades. Pois bem, hoje os designers ou os operadores de problemas de comunicação visual são constantemente confrontados com problemas cuja solução serve para um fim efêmero; logo que a peça é exposta ao público depois de 48h ou menos pode perder a sua validade. Contudo, esse caso não é geral, essa é uma entre várias naturezas de problema de comunicação.
Entretanto, antes que se corra para obter uma possível solução é imprescindível que se faça um tratamento de base, que envolve reflexão e a compreensão do propósito daquilo que se espera e o que uma determinada necessidade se predispõe a resolver de modo a que este profissional consiga encontrar caminhos menos dispendiosos e coerentes para resolver um problema.
Um operador de problema de comunicação visual não é um mago, ele deve buscar estabelecer uma comunicação que possa ser efectivamente absorvida pelo público ao qual se pretende estabelecer a comunicação e isso implica uma inserção aberta ao problema, pois pode se afirmar que o público conhece o produto ou o serviço mais que o designer, por exemplo. Logo, tentar resolver um problema sem de facto compreender aquilo que não lhe é familiar para comunicar a um público já familiarizado com o problema precisa compreender o problema que lhe foi colocado e também compreender como o público interpreta e percebe as coisas.
E mais, voltando à natureza dos problemas. Basicamente há problemas de diferentes naturezas, alguns que nascem da necessidade de responder a problemas de curto, médio e até de longo prazo; e em cada um dos problemas é possível encontrar vários subproblemas dentro de cada solução provisória.
Querendo como não, ignorar estes e outros problemas relacionados a maneira que se confrontam os problemas, para além de não se obter o impacto desejado e culpar o público de não compreender o que foi proposto para estabelecer a comunicação, corre-se o risco de cair na mesmice e despender muito tempo em algo que com o approach certo teria sido evitado.
Para ultrapassar os problemas em projectos de comunicação é necessário compreender que o que guia a solução final não são apenas os conhecimentos já internalizados, e sim uma relação entre o que se conhece e o que se dá a conhecer e para que isso acontece o profissional precisa ter uma aproximação aberta e livre de preconceito diante de um problema.
Crédito da Imagem: Bruno Munari
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