
Ancorado por uma publicação da Supervisora de Marketing da DKT Moçambique, foi possível aceder ao spot publicitário da linha de preservativos da DKT, FIESTA Preservativos.
De seguida, o link foi partilhado em um fórum com vários criativos moçambicanos com vista a obter feedback sobre o conteúdo acima referido. Entretanto, o que se segue é meramente uma análise conceptual e não técnica da produção do spot.
Os feedbacks colhidos no fórum acima mencionado tiveram comentários negativos, chegando a questionar a necessidade da hipersexualização, a falta de valores, e até comentários que advogam que o sucesso das publicidades do segmento é a mensagem transmitida de forma subliminar e outros comentários que seguem essas abordagens.
Foi interessante perceber que não se questionou a qualidade técnica, esta que costumava ser necessária para a nossa indústria, não obstante a existência de agências que sempre investiram avidamente nesse aspecto.

Recorrendo ao passado, num segmento diferente, no âmbito do lançamento da nova garrafa de Cerveja Laurentina Preta acompanhado do seguinte slogan <<Esta preta foi de boa para melhor>>, cujo “conteúdo ofendeu as mulheres", segundo um artigo da Geledes, é justo afirmar que os argumentos que se pudessem colocar contra a proposta da publicidade estariam alinhadas aos valores morais e éticos dos cidadãos moçambicanos, naquela altura.
Entretanto, com a actual publicidade que se pode afirmar ser relevante ao segmento, o que é que desencadeia, pelo menos no grupo em análise (criativos), a indignação pelo enredo da campanha? Difícil é obter uma resposta exacta para essa questão, pois sem substâncias para sustentar uma opinião, as possibilidades de se cair no achismo são inúmeras.
Sem mais rodeios, seria importante compreendermos que a nova linha de preservativos da DKT ainda não possui uma história sólida em Moçambique, comparada aos produtos como jeitO e Prudence. Nessa linha de pensamento é possível traçar caminhos que se bifurcam na tentativa de promover um produto bebê para a camada jovem.
Numa associação entre o nome e um evento – Fiesta que está para festa –, é possível compreender, sendo um facto, a intenção do ambiente ou o cenário no qual foi desenvolvido como tentativa de promover a importância de se andar sempre prevenido seja para a mulher, tanto quanto para o homem pois em caso de haver uma “sorte” pode rolar, como mostra o cenário, um sexo ocasional.
Contudo, há aspectos a serem tomados em conta quando se trata de comunicação de massa. Primeiro, recorrendo a uma frase do célebre comunicador das massas e um dos revolucionários no campo de marketing David Ogilvy, “Nunca escreva um anúncio que você não gostaria que sua família lesse”. Não havendo apenas intenções de promover vendas, como, talvez, de educar, os envolvidos na campanha usariam o conteúdo como referência para apelarem a necessidade de protecção durante o acto sexual aos seus familiares? E mais, o que é que esse anúncio desencadeia aos espectadores? Será que é a vontade de experimentar o acto ou o produto?
Segundo, seria uma análise mais sobre o nosso cenário nacional, reforçado pela ideia de que Moçambique não é só Maputo. Sabemos o nível das influências que os mídias têm como os filmes, novelas e mais programações que promulgam com o pretexto da necessidade de se quebrar o tabu existente no que concerne ao tópico de sexo. É importante pensar-se sempre no impacto geral daquilo que se dá ao público e saber o nível de influência que este tipo de conteúdo pode causar. A intenção da campanha pode ter sido engendrada com um bom propósito, mas podendo ter o efeito contrário daquele que se quer.
Geralmente, os responsáveis do marketing são procurados por serem bons na linguagem poética. A arte de dizer sem dizer, influenciar sem mostrar, educar sem dar na cara. Mas isso é outra história.
Falando em outra história, um dos objectivos do marketing é se tornar viral e uma das formas mais fácil de se tornar viral é fazer algo que faça bem ou mal as pessoas falarem sobre algo, clicarem no botão de partilhar e até comentarem, como este artigo, por exemplo!! A questão que fica é, até que ponto cada acção se alinha com o plano geral na construção de uma marca?
Crédito de imagem da capa: Extraída do vídeo
Crédito da imagem no outdoor: Geledes
1 Comentários
Hypersexualização por usar pessoas vestidas de fruta num anuncio de preservativos?
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